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6 de abril de 2008

Minas terrestres


O quadrado de plástico vermelho com uma caveira branca indica que o terreno por detrás deste se encontra minado.
As minas, a que alguns militares chamam de "sentinelas que nunca dormem" são extremamente úteis na defesa de posições no terreno durante os conflitos. No entanto quando as guerras terminam tornam-se num autêntico flagelo para as populações civis. Enquanto militar da ONU em Angola ouvi vários testemunhos sobre as minas em Angola dos quais vou deixar apenas dois:
- Saurimo na província da Lunda Sul, região diamantífera, tinha minas até em quintais dentro da cidade. Na altura pós eleições em 95 a única forma de chegar à cidade era de avião e o único caminho que podia ser usado para fora da cidade, era um pequeno carreiro que dava acesso ao rio onde a população ia buscar água.
- Alguns dias após a minha chegada (em 95) encontrei um ex-militar, que me contou que sempre que as FAA encontravam um campo minado pelo adversário, com os planos da colocação das mesmas, tinham apenas a preocupação de mudar a sua distribuição no terreno.
Estes episódios dão uma ideia da situação em que se encontrava o pais. O elevado número de minas no terreno, constitui um perigo enorme para as populações e um entrave ao acesso destas aos terrenos de cultivo.
Os problemas causados pelas minas e a mensagem que passou de que Angola era um dos países mais minados do mundo, acabou por transformar a desminagem num negócio, que segundo algumas más línguas será bastante lucrativo e não muito transparente.
Nos últimos dias aconteceu em Luanda, a eleição da Miss Sobrevivente de Minas Terrestres 2008. A iniciativa que tem como prémio uma prótese feita na Noruega, (pais de origem do mentor do projecto) poderia até ser louvável, se não fosse ensombrada pela suspeita de aproveitamento pessoal por parte do responsável pela mesma.

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