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8 de novembro de 2016

de volta ao Kruger - 23 anos depois

Vinte e três anos depois voltei ao Kruger National Park na África do Sul. Desde a primeira ida ao parque que sou um fã incondicional, do conceito, e claro do Kruger. A ideia de andarmos livremente dentro do parque, onde os animais selvagens levam uma vida normal e não se sentem incomodados com a presença dos carros é fantástica. O Kruger que é um parque enorme quase 20 000m2, ou seja um quinto da área de Portugal, leva este conceito de liberdade dos animais a um outro nível, difícil de imaginar para quem vem da Europa e onde a noção de espaço é diferente. 

A primeira impressão deste regresso é que o parque continua exatamente igual ao fim de todos estes anos, será caso para dizer que se é bom não vale a pena mudar. É também um sinal de uma forte capacidade de manutenção e conservação, porque passam milhares de visitantes por dia no parque (mais de 1,5 milhões / ano em 2014 e 2015) e essa pressão não se nota nas estradas nem nas estruturas do parque.

Nas minhas idas anteriores, fui sempre ao Kruger em modo "free ride" só com o mapa (ainda não havia GPS) e sem guia, desta vez após alguma pressão contratámos um guia, com um daqueles jipes preparados para levar visitantes ao parque, tudo à séria.
Em boa hora o fizemos, vimos os "Big Five" na primeira hora e meia no parque o que é
uma coisa raríssima. Os "Big Five" são o búfalo, o elefante,  o rinoceronte, o leão e o leopardo, sendo pela ordem indicada, o búfalo o mais fácil de encontrar e o leopardo o mais raro. Para terem uma ideia é normal irem-se dez vezes ao parque e não se ver um leopardo. Eu tinha ido uma meia dúzia de vezes e só tinha visto leoas nunca um leão macho e nunca tinha visto um leopardo. 
Continuo a gostar da liberdade do modo "free ride", mas ir com um bom guia traz a vantagem do conhecimento, que os guias têm, dos locais onde alguns animais andam normalmente e também da comunicação via rádio que fazem entre eles o que permite partilharem informação sobre os animais que estão onde. Foi via rádio que chegou a informação de onde estava um leão a descansar na berma da estrada. 

O Kruger Park tem um encanto muito especial, depois de termos visto os "big 5" pode-se pensar que não há mais nada a ver, mas no Kruger, há sempre. Eu sinto sempre vontade de voltar, há sempre a expectativa de ver um animal mais perto, mais bonito, uma foto melhor, uma luta ou uma caçada, uma situação diferente, esperamos sempre ver no meio dos arbustos algo de novo. É esta a mistica do KNP que leva tanta gente a visitar o parque.

Para dar uma amostra da mística do parque, voltámos em "free ride" sem guia dois dias depois e fizemos um percurso muito semelhante ao que fizemos com o guia. 

Sozinhos, vimos os elefantes muito próximos e nos seus banhos de lama, que não conseguimos ver com o guia, encontrámos dois hipopótamos mergulhados na lama e uma girafa a comer na berma da estrada de forma a que obrigava os carrros a desviarem-se. 
Quando voltar ao Kruger National Park - espero voltar outra vez - vai certamente ser diferente, porque tal como dizia o Arno, o nosso guia que tem vinte mil horas de parque -No Kruger não há dois dias iguais.



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