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13 de abril de 2008

O prédio que caiu

Já lá vão 3 semanas, eram 8:30 da manhã e eu estava em Cabinda. Ao ligar a televisão na Sic Noticias sou surpreendido pela noticia de que ruiu um prédio da policia em Luanda. Não havendo mais informação, mudo para a televisão angolana TPA1 e apanho o inicio de um directo a partir do local. Para minha surpresa percebo que foi o prédio da DNIC que ruiu. O meu primeiro pensamento é que não é possível, o prédio de sete andares, tinha um aspecto sólido, não tinha o ar de abandono que é normal noutros prédios da cidade, não podia ser. Mas de facto era mesmo.

Nos dias pós desabamento, o mesmo foi noticia e motivo de conversa pelas mais variadas razões, e também por terem, sido presos dois jornalistas que teriam noticiado que as equipas de salvamento estavam mais preocupadas em encontrar os cofres, onde haveria diamantes e cerca de 100 mil dólares em dinheiro do que os presos que encontravam soterrados.

Esta "grande" preocupação com os presos parece-me que vem desde o inicio da tragédia, uma vez que não ficou no prédio nenhum elemento da policia, apenas os prisioneiros que aguardavam ida a tribunal por estarem acusados dos mais diversos crimes. É normal que os policias pudessem fugir e os presos por estarem encarcerados não tivessem essa hipótese, no entanto, segundo algumas noticias o alarme foi dado por volta da 1.30 da manhã, tendo o desmoronamento acontecido às 4.29. Ora, o desmoronamento acontece três horas depois do alarme, mas os prisioneiros ainda estavam todos nas celas. Mas estamos em Angola e temos de ter em conta que era sexta feira e o pessoal de serviço no edifício, deve ter tido alguma dificuldade em accionar os meios para a transferência dos presos, ou até encontrar um local para onde pudessem ser transferidos. Ainda à pouco tempo era noticia, que a cadeia de Luanda tinha três mil reclusos, quando estava preparada para receber apenas quinhentos.

Entretanto alguns dias passados sobre a tragédia, fala-se das razões que terão levado ao desabamento do prédio. Uma das possibilidades aponta para as obras, que decorrem frente ao local, que terão provocado infiltrações nas fundações. Outra das possibilidades aponta para as obras de reabilitação, que aconteceram já à alguns anos e que terão acrescentado dois novos andares aos existentes, o que terá sobrecarregado a estrutura original.

Seja qual for a origem da tragédia, parece-me que estamos a falar de um tema em voga nos últimos dias: A qualidade das obras e a sua fiscalização. Até porque a tragédia acabou por trazer para a "Folha de Angola" um outro exemplo da qualidade das obras, o recém-inaugurado Hospital Geral de Luanda (tem menos de 2 anos) já mete água na sala onde estariam os caixões para os corpos das vitimas do desabamento e a morgue tem capacidade para apenas 24 corpos.

Muito se especula sobre a qualidade de algumas obras feitas em Angola e sobre a responsabilidade da sua fiscalização e estes parecem ser apenas dois pequenos exemplos entre muitos, de uma questão que os governantes deste pais devem ter em conta, isto caso não pretendam, ainda antes de terminarem a Reconstrução Nacional, terem de dar inicio à Grande Reconstrução da Reconstrução Nacional.

Fotos "Folha de Angola" e mais informação...

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