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12 de novembro de 2010

Visita à capital

O passeio desta vez foi a um local do qual, não tinha ainda ouvido falar: Massangano. Pois é, a capital do titulo, não é a por cá chamada cidade capital - Luanda, mas Massangano que foi durante as invasões Holandesas, por volta de 1640 a capital. Hoje Massangano é uma pequena aldeia na margem do rio Kwanza onde estão as bem preservadas ruínas de outros tempos.

Depois de alguma dificuldade em programar o passeio por haver pouca informação sobre como lá chegar, lá decidimos ir. Com a memória numa má experiência no Huambo, que deu para andar a ouvir o resto do pessoal durante 3 meses por não termos encontrado o Morro do Mouco, estava a pensar se nos ia acontecer a mesma coisa.
Depois de muito vasculhar na Internet, descobri nos mapas da Microsoft, a localização exacta. Pois é afinal  ás vezes o melhor mapa não é o do Google que neste caso, nos manda para o Soyo, quando Massangano é próximo do Dondo, enfim uns meros 400Km de diferença.
A estrada até ao Dondo já está quase terminada (está em obras desde que a conheço), mas ainda é arrepiante. Andar numa estrada com duas faixas para cada lado, com separador central onde a qualquer altura podemos dar de frente com alguém em sentido contrário, é assustador. Pois é, os senhores que estão a fazer as obras por vezes desviam um dos sentidos para a faixa do outro lado... até aqui tudo bem, mas o que normalmente acontece é que não colocam nenhum sinal de aviso a quem não mudou de faixa, a avisar que naquela zona existem veículos em sentido contrário é de colocar os cabelos em pé.
Uns quilómetros antes do Dondo, segundo o GPS estaríamos a chegar ao cruzamento para Massangano e surpresa, era mesmo ali o cruzamento e pasme-se: uma placa a indicar a direcção. A placa era pequenina e lia-se mal, mas para quem está habituado a não ter qualquer informação, é um pequeno luxo.
A picada / ex-alcatrão faz-se sem problemas não sendo sequer necessário um jipe. Ao longo da estrada no meio da mata, vêm-se apenas uns pássaros, aqui e ali.
De repente, num ponto mais alto, temos uma vista fantástica de um enorme lago. Infelizmente não é possível mostrar tudo nem mesmo na foto-montagem abaixo, mas a vista é fantástica. Vê-se a pequena aldeia junto ao lago, os barcos dos pescadores, as queimadas ao fundo para preparar os terrenos férteis para a próxima sementeira.  só por esta visão já valia a viagem.
Pouco depois chegamos a Massangano e fiquei agradavelmente surpreendido, ali existem placas com indicação do nome do monumento e o século em que terá sido construído, não me lembro de nenhum outro local em Angola onde tenho visto placas de informação aos visitantes.
Também me agradou o estado de limpeza das ruínas, estamos a falar do forte, da câmara municipal e do tribunal construídos no final do século XVI, esperava que estivessem em muito pior estado e até com lixo e capim no interior. Afinal não se vê nenhum lixo e nota-se que a vegetação tem sido limpa o forte inclusivamente está em bom estado.
Nota negativa apenas para a igreja que está pouco cuidada, com os pássaros a fazerem ninhos no interior e o telhado já em mau estado a anunciar que se nada for feito irá piorar. Estranho é que na igreja se continua a celebrar missa regularmente, uma vez que nos cruzámos com o sr. padre de saída da missa de Domingo, que tinha terminado à pouco e o altar no interior estava decorado e com flores frescas.
Do forte tem-se uma vista privilegiada do rio e com o calor que estava é uma pena que este seja inacessível naquela zona, porque um mergulho vinha mesmo a calhar. Essa dificuldade de acesso terá certamente servido de protecção aos portugueses que ali se refugiaram durante a invasão da grande armada holandesa nos anos 1641 a 1648. Foi a partir de Massangano que durante essa época seria o ultimo refugio e a capital, que se iniciou a resistência e luta pela reconquista do território angolano aos holandeses o que viria a dar frutos em 1645 com a tomada de Luanda por Salvador Correia de Sá.

De volta a casa parámos num mercado que estende as suas cores ao longo da estrada, os montinhos de frutas e legumes produzidos na terra, resguardados debaixo dos guarda-sóis coloridos. Aproveitámos para comprar fruta e legumes a preços decentes, porque na cidade mais cara do mundo alguns dos produtos têm preços de bradar aos céus.

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